A família Rezaie chegou à AIRE no mês de outubro de 2024. Até 2021, eles tinham uma vida confortável no Afeganistão, onde Qurban trabalhava para o Ministério da Paz do país. Ele era noivo de Sakineh, que tinha acabado de terminar seus estudos e havia começado a trabalhar como professora. Porém, com a tomada do poder pelo Talibã, Qurban não só perdeu o emprego, mas começou a sofrer ameaças por ser um ex-funcionário do antigo governo. Sua esposa foi proibida de trabalhar e estudar, e eles se encontraram então sem renda, temendo por suas vidas.
Decidiram então ir para o Irã e solicitar o visto humanitário para vir ao Brasil (um dos poucos países que oferece esse tipo de visto para afegãos). Quando perguntamos o que esperavam encontrar ao chegarem aqui, Qurban disse que buscavam um lugar que os aceitasse sem discriminação, onde pudessem recomeçar e reconstruir suas vidas. As palavras “paz” e “justiça” surgem muitas vezes durante a conversa, e é impossível não imaginar o quanto a família sofreu antes de pisar em solo brasileiro, com a esperança de encontrar um novo lar.
Hoje, eles têm uma filhinha de 1 ano e esperam oferecer a ela um futuro cheio de oportunidades, onde possa estudar, praticar esportes ou se dedicar a qualquer atividade que deseje. Isso é muito diferente do que seria se ainda estivessem no seu país natal, onde as meninas não podem nem mesmo ir à escola.
Eles ainda têm um longo caminho a percorrer para construir uma vida no Brasil, a começar pelo aprendizado da língua portuguesa, que é muito diferente do idioma natal deles. Mas já são muito gratos pela gentileza e carinho recebidos aqui. Qurban espera continuar lutando por um mundo sem guerras e sem violência, onde a solidariedade e a empatia prevaleçam.