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Mais difícil do que passar fome é ver o seu filho pedir comida e não ter o que fazer

Travel and Relax copyspace background concept. Female legs in sneakers on the rail of the railway.

Conheçam a história de K., morador da AIRE que enfrentou muitos desafios até chegar a São Paulo e hoje sonha em começar uma nova vida no Brasil:

“Antes da crise, vivíamos uma vida confortável de classe média na Venezuela. Minha esposa e eu trabalhávamos, tínhamos uma casa e comida. Com crise, a economia do país desmoronou e o dinheiro que recebíamos não era suficiente nem para nos alimentar.

Assim como muitos venezuelanos, começamos a passar fome.

Através de um irmão da minha esposa, soubemos da possibilidade de vir para o Brasil, onde sonhávamos em oferecer uma vida melhor ao nosso filho mais novo de 12 anos. Vendemos a nossa televisão para comprarmos as passagens e chegamos ao Brasil no dia 20 de janeiro de 2020. Deixamos na Venezuela nossas mães, irmãos, e filhos mais velhos.

Chegando ao Brasil, ficamos alojados num abrigo em Pacaraima (RO) por 3 dias, mas depois tivemos que sair e morar nas ruas junto com outros venezuelanos onde permanecemos por mais 17 dias, sobrevivendo do que conseguíamos nas ruas.

Conseguimos seguir para Boa Vista, onde moramos por 4 meses em barracas que funcionam como abrigo próximo à rodoviária. Nessa época vivíamos do que recebíamos de doações de pessoas nas ruas, restos de comida e muitas vezes procuramos no lixo comida para sobreviver. Foi um período muito difícil, pois mais duro do que passar fome é ver o seu filho pedir comida e não ter o que fazer.

Eu busquei forças em Deus, nunca roubei ou infringi a lei, mas hoje compreendo o que leva as pessoas a seguirem este caminho.

Em Boa Vista conseguimos um contato que nos encaminhou para o processo de interiorização a Manaus, para onde seguimos e ficamos alojados em uma igreja por 15 dias. Em Manaus, conseguimos alguns bicos como diárias de faxina e junto com o auxílio emergencial do governo conseguimos alugar uma casa pequena.

Imaginávamos que as coisas iam começar a melhorar, mas com o fim do auxílio, perdermos também os empregos e novamente nos vimos sem nada, passando fome. Nossa rotina voltou a ser caminhar pelas ruas com cartazes em busca de emprego ou comida para sobreviver, um dia de cada vez. Foi então que recebemos o contato da AIRE, nos oferecendo a oportunidade de vir a São Paulo.

Posso dizer que o melhor momento da nossa trajetória foi quando chegamos à AIRE, onde pela primeira vez fomos acolhidos com dignidade. Nossos planos daqui pra frente são conseguir um emprego, poder sustentar nossa família, ter uma casa e poder ajudar nossos familiares que ficaram na Venezuela. Sonhamos também em poder ajudar outras pessoas, para que outros possam receber a mesma oportunidade que nós recebemos aqui.

Somos gratos ao Brasil por abrir as portas e nos acolher com tanto amor. De coração, muito obrigado. Gracias.” K.A. 45 anos

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