por Tarsila Nomoto
A AIRE tem como missão apoiar os refugiados, oferecendo ajuda no recomeço em um novo país. Refugiados são pessoas que por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas são perseguidas e obrigadas a abandonar suas casas, suas pátrias para sobreviver. São trabalhadores, pais, mães, jovens e crianças que devido à grave violação dos direitos humanos tem que fugir de seus países não só porque lhes foi negado o direito de viver uma vida digna, mas porque muitas vezes temem pela própria segurança.
A Venezuela é um dos países com mais refugiados no mundo, e temos recebido muitos venezuelanos na AIRE pela proximidade física com o Brasil. Mas existem outros países que passam por graves crises humanitárias e um deles é o Afeganistão.
A volta do Talibã ao Afeganistão em agosto de 2021 acentuou ainda mais a crise migratória que o país já enfrentava. Segundo um relatório do Acnur, o alto comissariado das Nações Unidas para refugiados, já no final de 2020 o Afeganistão era o terceiro país no mundo com maior número de pessoas refugiadas.São 2,6 milhões de afegãos que tiveram que buscar proteção internacional, segundo o relatório. O alto número de refugiados faz com que o Afeganistão fique atrás apenas da Síria e da Venezuela nesse ranking.
Segundo o WFP (World Food Programme), 22,8 milhões de pessoas (metade da população) passarão fome em 2022, incluindo 8,7 milhões em situação de miséria.
4,7 milhões de crianças, mulheres grávidas e em período de amamentação correrão risco de desnutrição extrema.
Mais de 85% das famílias que antes possuíam uma renda fixa mensal declararam que já não tem mais renda e quase 100% das famílias chefiadas por mulheres não tem comida na mesa.
Além de não ter emprego e consequentemente comida para alimentar a família, muitos afegãos também sofrem perseguições e temem pela própria vida. São perseguições contra mulheres que reivindicam o direito de estudar e trabalhar, contra cristãos que são discriminados, torturados e muitas vezes mortos por declarar ter uma fé diferente do islamismo ou qualquer pessoa que desafie as regras aplicadas pelo Talibã que implicam em uma interpretação radical do islã.
A maioria dos refugiados afegãos segue para os países vizinhos Irã e Paquistão. Ambos, no entanto, já declararam não conseguir absorver o grande número de pessoas que tem chegado e elas são obrigadas a viver em campos perto da fronteira. Outros países como Alemanha e Turquia também já receberam muitos refugiados afegãos, mas muitos outros mantém as fronteiras fechadas para a entrada de pessoas em busca de asilo.
Na AIRE mantemos as portas sempre abertas para receber qualquer pessoa que chegue ao Brasil em busca de um recomeço, independente da nacionalidade. A verdade é que quem foge do próprio país para sobreviver precisa muito mais do que um teto e comida. Precisa de tempo e apoio para se recuperar das feridas causadas por tanto sofrimento, precisa ganhar forças para enfrentar os novos desafios de viver num novo país, com uma nova língua e uma nova cultura, precisa de ajuda para encontrar espaço numa nova comunidade. E o nosso coração se enche de alegria quando vemos uma família que não via a luz no fim do túnel superar as dificuldades, conseguir se sustentar e viver dignamente. Venha fazer parte desse sonho!
https://reliefweb.int/report/afghanistan/wfp-afghanistan-situation-report-01-april-2022